domingo, 27 de setembro de 2009

Valsa do poente




Luzes desse mar do fim do entardecer,
o fogo assim desenha a noite que vai ser
o manto negro azul, distante, e as sombras vêm
descolorir além, nuvens encastelar.

E o Autor brande o pincel,
empunha a cor do céu, rascunha o esplendor
e rasga, qual punhal, recortes de cetim,
rajadas de amor, e vem fazer de mim

grão de areia, encantado, coração calado de tanto prazer
sem merecer a paz que tenta me envolver,
e nas brumas do tempo nem sei mais sonhar.

Sei que não vou despertar, meus olhos negam crer,
Meu coração contempla o gosto de entrever
As mãos do Deus Criador fazendo anoitecer.


(do livro Do mar e do poente)

Nenhum comentário:

Postar um comentário