quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Ainda há um preço a pagar?




Há uma vida nova a ser vivida. Não só provada, experimentada, mas vivida em plenitude.
Quando Jesus nos diz que veio para nos dar vida, e vida em abundância, Ele não exclui nenhum dos filhos de Deus. Lembra que do interior de quem nEle crê fluirão rios de água viva? Creia apenas, e os rios fluirão; busque ao Senhor, e a sua alma viverá.
Nada pode nos separar do Seu grande amor. Ele deseja que andemos nEle, como ramos unidos à videira, que dão muito fruto.
Há ainda uma cruz: cada um de nós, se quer ir após Cristo, deve dia a dia negar a si mesmo, tomar a própria cruz e segui-lo. O escritor de Hebreus diz que ainda resta um sacrifício, o sacrifício de louvor, que é o fruto dos lábios que confessam o Seu nome.
Viver a nova vida em Cristo implica renúncia, entrega, domínio próprio, zelo, cuidado, fidelidade, obediência, fé, amor, esperança, e mais uma série de atitudes cristãs. Porém, na palavra de Deus nada encontraremos a respeito de um preço ainda a pagar.
O sacrifício na cruz significa que o escrito de dívida que havia contra nós foi completamente riscado, anulado, totalmente pago. Não houve desconto nenhum, nem barganha, nem negociação, porque o preço foi pago por Deus a Ele mesmo – e nisto o homem só veio a tomar parte como o beneficiário do Seu perdão pela graça.
Jesus nos disse que ainda há uma cruz, mas o nosso fardo é leve, e o Seu jugo é suave. Onde estaria, então, o preço a pagar? Não foi o sangue de Jesus que pagou todo o preço? Se o homem não foi nem nunca será capaz de providenciar a própria salvação, como poderá ainda pagar um preço que está além do sangue do Cordeiro? Só pode haver uma explicação que não manche com o nome de heresia o esforço e a boa vontade de irmãos consagrados ao Senhor: é que o que hoje a igreja gosta de chamar de preço a pagar definitivamente não é preço para Deus.
Preço para Deus é o sangue de Cristo. Qualquer tentativa de alcançar o que o preço pago na cruz significa para Deus será em vão. Sabemos, sim, qual foi o preço pago pelos nossos pecados lá na cruz, mas só Quem o recebeu realmente conhece o valor do sangue derramado, que não cabe em nenhuma medida humana – nem o valor do sangue, nem o tamanho da paz em Deus, nem a infinitude do Seu amor, pois cada uma destas bênçãos excede o nosso entendimento.
O que o homem chama de preço não é preço para Deus. Mas podemos ir além: por que, hoje, a igreja chama de preço a pagar o que é devido ao Senhor pelos Seus filhos redimidos na cruz?
Fomos salvos na cruz, e o preço foi totalmente pago. Ele ressuscitou para nos dar vida nEle. Temos o Seu perdão, ele caminha conosco e não nos deixará. Somos transformados de glória em glória. Morremos para o pecado e vivemos para Cristo Jesus, não para nós mesmos. Ele nos dá paz não como o mundo dá, vida em abundância, nos livra de todas as tribulações, nos conduz em triunfo, somos guiados pelo Seu Espírito e podemos nos assentar em lugares celestiais.
Seria isto tudo mera fantasia? Não, claro que não, porque verdadeiramente nos gloriamos em Deus. Sabemos que a Sua graça nos basta e que o Seu poder se aperfeiçoa na nossa fraqueza. Conhecemos e cremos no amor que Ele tem por nós. Então, se assim é, onde está o preço? Ainda resta um preço a pagar?
Se olharmos do ponto de vista do céu, não há mais preço algum. Está consumado, e foi selado por Deus. Mas, do ponto de vista do homem, ainda que este creia, fazer a vontade de Deus em entrega e submissão completa precisa ser chamado de preço e sacrifício – porque o apego à carne e ao mundo ainda é tão forte que o homem não consegue negar que precisa se esforçar, e muito, para se render a Ele.
Do ponto de vista do homem, primeiro vem o esforço, o preço, o sacrifício – e então pela fé somos aceitos por Deus. Mas para Deus, segundo a Sua palavra, parece ser bem diferente: pela graça somos salvos, mediante a fé, que é dom de Deus, e a fé é dirigida a Cristo como nosso suficiente Deus, Senhor e Salvador.
Onde está o preço, a não ser na cruz? Resta algum sacrifício remidor, ou justificador do homem diante de Deus, além do sacrifício na cruz?
Chamar de preço a nova vida em Cristo sugere que Deus se satisfez com o sangue de Cristo na cruz, mas o homem não. Deus, o Salvador, não precisa de mais nada para nos declarar salvos, mas o homem que ainda crê no preço a pagar exige de si mesmo atos de justiça além do ato soberano e divino da salvação na cruz.
Mas a Sua palavra nos ensina que os nossos atos de justiça são para Ele como trapos de imundícia. E o serão sempre. Não há homem que possa agradar a Deus com a sua própria justiça. Não há preço humano que possa agregar valor ao sangue da cruz.
Há uma vida nova a ser vivida. Não só provada, experimentada, mas vivida em plenitude.

Ainda há um preço a pagar?

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